A Providência é a solicitude de Deus para com as suas criaturas. Ele está em toda parte, tudo vê, a tudo preside, mesmo às coisas consideradas mínimas da criação. É nisto que consiste a ação providencial.
Como pode Deus, tão grande, tão poderoso, tão superior a tudo, imiscuir-se em pormenores ínfimos da existência, preocupar-se com os pequeninos atos e os menores pensamentos de cada indivíduo? Esta é a interrogação que a si mesmo dirige o incrédulo, concluindo por dizer que, admitida a existência de Deus, só se pode concluir, quanto à sua ação, que ela se exerça sobre as leis gerais do Universo; que este funcione de toda a eternidade em virtude dessas leis, às quais toda criatura se acha submetida na esfera de suas atividades, sem que haja mister a intervenção incessante da Providência.
No estado de inferioridade em que ainda se encontram, só muito dificilmente podem os homens compreender que Deus seja infinito. Vendo-se limitados e circunscritos ao globo terrestre, os homens o imaginam também da mesma forma, figuram-no quais eles são, com as mesmas imperfeições e limitações. Os quadros em que o vemos com traços humanos contribuem para entretecer esse erro no espírito das massas que nele adoram mais a forma que o pensamento.
Para a maioria, Deus é um soberano poderoso sentado num trono inacessível e perdido na imensidade dos céus.
Impotente para compreender a essência do pensamento da Divindade, o homem não pode fazer dela mais do que uma idéia aproximativa mediante comparações necessariamente muito imperfeitas, mas que, ao menos servem para lhe mostrar a possibilidade daquilo que, a primeira vista, lhe parece impossível.
Hoje com a comunicação via satélite, a sociedade humana é capaz de tomar conhecimento do que está ocorrendo simultaneamente com outros povos em várias regiões do planeta em frações de segundo. Porque Deus não teria meios para saber o que ocorre dentro da sua própria criação, pelo poder da mente onisciente? Traduzindo esta máxima afirmamos que, o pensamento de Deus atua diretamente por intermédio de uma substância etérea imperceptível à instrumentação física e que satura todo Universo infinito, penetrando todas as partes da criação. Portanto, a Natureza inteira está mergulhada no fluido divino, cada átomo desse fluido, se assim nos podemos exprimir, servindo de veículo aos agentes divinos da Criação. Tudo está submetido à sua ação inteligente, à sua providência, à sua solicitude. Nenhum ser haverá, por mais ínfimo que o suponhamos, que não receba os eflúvios da vida que procede diretamente da essência divina. Achamo-nos então, constantemente, na presença da Divindade, nenhuma das nossas ações lhe podemos subtrair ao olhar; o nosso pensamento está fiscalizado ininterruptamente pela Mente do Criador, havendo, pois razão para dizer-se que Deus vê os mais profundos refolhos de nosso coração. Estamos nele, como ele está em nós, segundo a palavra do Cristo.
Reflexões: Deus que criou o Universo e tudo que nele há, sendo Senhor do Céu e da Terra. Não habita em templos feitos por mãos de homens. E nem tampouco é servido por mãos humanas, como que necessitando de alguma coisa; pois Ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração, e todas as coisas. Porque Nele vivemos, e nos movemos, e existimos (Atos dos Apóstolos 17. 24 a 28)
O homem é um pequeno mundo, que tem como diretor a sua alma e como dirigido o corpo. Nesse universo orgânico, que é composto por milhares e milhares de células vitais, o corpo representa uma criação cujo senhor seria a consciência espiritual, que comanda todos os sentidos e emoções do ser. Os membros desse corpo, os diferentes órgãos que o compõem, os músculos, os nervos, as articulações são outras inumeráveis individualidades microscópicas, localizadas em pontos especiais do referido corpo físico. Há sensações diversas em muitos lugares simultaneamente? A consciência espiritual as sente todas, distingue, analisa, assina a cada uma a causa determinante e o ponto em que se produziu, tudo por meio do sistema nervoso central.
Análogo fenômeno ocorre entre Deus e a Criação. Deus está em toda parte, na Natureza cósmica, como a alma humana está interativamente em toda parte, no corpo carnal. Todos os elementos da criação se acham em relação constante, e imperceptivelmente, com o Criador, como todas as células do corpo humano se acham inconscientemente em contacto imediato com a consciência espiritual - alma.
Um membro se agita: a consciência sente. Uma criatura sofre: Deus percebe. Todos os membros estão em movimento, os diferentes órgãos estão a vibrar, a consciência ressente todas as manifestações, as distingue e localiza. As diversas criações, as diferentes criaturas se agitam, pensam, agem diversamente: o Criador sabe o que se passa e assina a cada um o que lhe diz respeito, através de fluidos eletromagnéticos imperceptíveis à mentalidade humana.
Daí se pode igualmente deduzir a solidariedade da matéria e da inteligência, a solidariedade entre si de todos os seres de um mundo, e os diferentes seres de todos os mundos e, por fim, de todas as criações com o Criador (cap 11. Item 20 as 27 / A Gênese / Allan Kardec)
Bibliografia: A Gênese – Allan Kardec
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Intensivo de Difusão Espiritualidade
coordenação: Abrahão Ribeiro
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